domingo, 17 de agosto de 2014

Cap 06

      Acordei assustado uma ou duas horas antes de sairmos da clareira dos saqueadores, tive um sonho estranho, sonhei com meus pais em um castelo sendo perseguidos por homens em roupas negras, eu era pequeno minha ama de leite, que eu não conseguia ver o rosto conseguiu me esconder na ala dos criados do castelo, quando nos encontraram e atacaram fomos salvos por um homem que nos ajudou a sair de lá, o mais estranho desse sonho é que o rosto dos meus salvadores eu não consigo ver.
      Depois de termos comido um singelo desjejum, partimos em direção a Sargoth, o caminho de volta foi tranquilo até demais, paramos para comer e os rapazes aproveitaram para treinar um pouco mais o manuseio das armas, isso é muito bom pois quanto mais treinados eles estiverem, melhor se portarão em combate. A estimativa que eu tenho é que chegaremos no fim da tarde em Sargoth, o primo de Fawlett estava tão contente em poder escapar do cativeiro que por cada caravana que passavamos ele ficava gritando aos sete ventos que eu era o responsável pela sua libertação, acho estranho isso porque o salvei não para que fosse chamado de herói, mas simplesmente porque era o correto a ser feito. Nunca aspirei ser herói.
      É engraçada a vida, quando cheguei a Sargoth na primeira vez todos aqui me evitavam, agora me olham com outros olhos, como se eu fosse o próprio rei perdido de Caraldia. Acho que ainda não contei essa história de Rei perdido, é um simples conto que fiquei sabendo pelos meus rapazes, o rei que foi deposto pelos atuais governantes tinha um filho, que nunca foi encontrado, ou seja o príncipe que virou Rei mas nunca voltou a sua terra natal para reivindicar o trono. 
      Continuando meu relato, fomos a Taverna encontrar o mercador Fawlett, ele cumpriu o prometido e me deu as 200 coroas restantes do trato, e depois de tomarmos uma ou cinco canecas de vinho, fiquei sabendo de uma conspiração do capitão da guarda da cidade, um homem respeitado mas que investiu todas as suas economias em algumas caravanas de veludo para Yalen, que foram saqueadas fazendo o honrado capitão da guarda se chamado de caloteiro na cidade, por isso ele começou a recrutar alguns bandidos para fazerem eventuais saques nos arredores da cidade, enquanto a guarda fazia vista grossa sobre os acontecidos o capitão fez uma certa fortuna com o dinheiro alheio no mercado negro. Fawlett estava com medo de sofrer uma represália do capitão, pois o bando que meus homens e eu desmantelamos era justamente o bando do capitão, ele me disse que estava com uma ofensiva preparada e que ja tinha identificado dentro dos muros da cidade os comparsas do capitão, e que fora avisado mais cedo que o capitão já estava ciente de que seu bando estava morto. 
      O mercador me perguntou entre um gole no vinho e outro se eu não guiaria o povo da cidade e alguns guardas de caravana juntamente com meus homens em um ataque ao capitão e o restante do bando que estavam de tocaia dentro da cidade, o vinho, vivas ao meu nome, e uma piscadinha de uma bela mulher verdadeiramente mudam a cabeça de um homem, pois com esses ingredientes acabei tomando a decisão de comandar o ataque dos citadinos contra o capitão e seus saqueadores.
      No alvorecer do dia estavamos todos ja em seus lugares demarcados, utilizamos Fawlett e seu primo como iscas, já que todo o ódio do capitão era direcionado para eles, em questão de minutos enquanto os mercadores ziguezaguearam por alguns metros se passando por bebados, o bando os cercou, eram uns dezoito homens e o seu comandante Ordenei que meus homens se adiantassem no ataque e os forçassem de encontro as muralhas, eu fui de encontro ao capitão, ele era um homem na casa dos quarenta e cinco anos, mas como todo militar os braços eram muito fortes em consequência dos anos brandindo a espada de duas mãos que ele habilmente trazia em riste na minha direção, enquanto eu estudava o capitão e ele a mim meus homens conseguiram suprimir os saqueadores, matando alguns e deixando outros inconscientes, o capitão foi quem deu o primeiro passo, com um grito de guerra ensurdecedor cortando da esquerda para a direita, criando uma moça em meu escudo, e de novo antes que eu pudesse me preparar para revidar, ele golpeou e golpeou ate que meu escudo não passasse de uma mistura desuniforme de madeira e aço, larguei o escudo e pensei que esse era o momento do meu fim, mas então como em um passe de mágica, quando o meu algoz se preparava para dar o golpe final, tive um relance de maestria superior a tudo que já tinha experimentado na vida.
      Parecia que o capitão se movia em uma outra velocidade e que eu tinha todo o tempo do mundo ao meu dispor, evitei o golpe dele com um rolamento em direção a lâmina dele, com esse movimento acabei por ganhar as costas dele, estoquei a parte de traz de seu joelho esquerdo que era a unica parte de sua armadura completa de placas que estava mais a mostra, mancando e sem poder colocar o peso na perna esquerda o capitão ficou muito mais lento, e eu pude golpear com um pouco mais de eficiência, optei por desarmar ele, mesmo lento aquela espada dele era um tanto quanto perigosa, acertei um golpe na junção do antebraço direito com o bíceps, o sangue começou a escorrer deixando a mão toda melada e o aço dos elos da manopla ficaram escorregadios, enquanto o capitão girava para conseguir me atacar nas costelas ele seja por descuido ou por causa da perda de sangue, deixou a perna que eu já tinha espetado desprotegida e ao alcance de um chute meu, não pensei duas vezes e coloquei todo o meu peso e minha força naquele chute certo de que se eu acertasse a pancada, aquela perna não sustentaria mais o peso dele. 
     Eu estava certo no exato momento de meu derradeiro golpe, o capitão caiu, deixando a espada longa escapar de seu alcance, achei melhor render o homem e deixa que a justiça do rei fizesse seu trabalho, afinal, não sou um assassino e se não fosse pela piscadinha da atendente da taverna eu não teria aceitado tal demanda, ou teria? Afinal se não foi atras de aventuras foi atras de que? Atravessei meio mundo de águas justamente para isso, acho que finalmente achei meu lugar.

CONTINUA

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